terça-feira, 10 de abril de 2012

O jasmim

O encanto surgiu de repente,
da mais singela das flores.
Esperança renova e se sente,
renascer suspiros de amores.

Seu perfume exalado no ar,
traz a paz que ilumina e abençoa.
Sua candura fiel a inspirar,
seu sorriso nos ares ecoa.

A pura semente lançada,
bem cuidada, com fé, germinou,
na rocha, a dama da noite brotou.

O brilho da estrela desperta
e anuncia seu desabrochar,
e abre o coração, pro raro gosto do amar.

Víscera

Joguei fora meu coração.

Joguei fora meu coração,
não porque não batesse mais,
mas por causa das desilusões.

Coração é músculo, é víscera,
tripa, pedaço de carne.
Pulsa, é verdade, mas é
só um pedaço de carne,
Conjunto de tecidos, células...

Joguei fora por não me interessar mais
(ainda que a vida me interesse).

Joguei fora meu coração
pois, só cumpria sua função de bater.
E bate, quase sempre, forte.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Vitória Rara

dedicada a Victor Jara

Ouviu-se um clamor no Estádio Nacional,
Mas não era um grito de gol. Era a voz dos
que não se entregaram, ainda que cercados.
Não se acuaram ante ao inimigo, e contidos,
e amontoados, eram conduzidos ao vestiário
para serem massacrados (talvez o inside tenha
vindo de algum assessor alemão,
veterano das SS, que exclamou de pronto:
_ Os chuveiros. Mein gott, os chuveiros!)

O augusto representante do império
com suas armas e legiões, não poupou
sua voz valente, seu corpo e emoções.
Infligiram toda dor que podiam,
trucidaram suas falanges, mas não derrotaram
seu espírito inquebrantável.
Com as mãos moídas, os fascistas gritavam:
_ Toca! E lhe puseram um violão.
E qual foi sua resposta: _ Eu não toco pra vilão,
Toco pro povo insurgente, meu som é revolução.

Daniel Braga & Daniel Oliveira