domingo, 19 de outubro de 2014

Elo

Nem a longa distancia intransponível
E nem o passado que tudo assola.
Nem o presente, instante perecível,
Ou a saudade que o tempo não consola.

Como a primavera que sempre volta,
Como a palavra dita que ecoa.
Como o linho raro que não desbota,
Como a mãe que ao filho abençoa.

É uma dádiva humana e divina,
Nasce do encanto e da admiração.
Tem mais valor que a pedra mais fina.

Faz morada dentro do coração.
O amor é o mais sublime e mais belo,
O mais forte e inquebrantável dos elos.

sábado, 18 de outubro de 2014

Soldado de Chumbo e a Bailarina

É fácil gostar do perfeito.
É fácil gostar do belo, do completo,
do que faz sentido. No calor do dia,
nos bons momentos. É fácil gostar
quando tudo nos diz sim.

Porém, só se ama verdadeiramente
quando se ama quando menos se merece.

Quando tudo parecer contrário,
quando todos disserem não,
quando a estrada parecer difícil,
quando a noite for longa e as
lágrimas insistirem em cair.

O amor existe em um barco de papel a deriva
em uma corrente de água da chuva.

O amor existe em um rio escuro e frio, na dor
da solidão.

O amor existe na barriga de um peixe.

O amor é o que nos motiva, o que nos dá forças
para continuar, é a essência da resiliência e a
substancia da esperança.

Não se explica, não se entende.
Se sente.


Erosão

Montanhas ao derredor se erguiam intransponíveis.
No silencio da noite, irrompiam seus gritos.
Gemidos inexprimíveis, desesperados, porém, mudos.
Seu coração, escondido na profundeza, parecia rocha,
mas era carne. E sangrava.

Seu perfil revelava sua idade e sua formação,
mas não contava sua verdade, muito menos sua dor.
Intempéries milenares, duras, indiferentes, sem
pudor, sem escrúpulo, sem reverência. Lentas, cálidas,
e ainda assim violentas.

A fé, menor que um grão de mostarda, sem força
para lançar a montanha ao mar. Só resta esperar.
(quanto? não se sabe).
Entropia. Erosão.

Do pó viemos e ao pó voltaremos.