sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Olhar da janela

No pavilhão feminino,
ela me olha pela janela.
O céu está nublado,
o sol não mostrou seu rosto.
Ela continua me olhando pela janela.

O vazio é o que preenche.
Paradoxos? Nos interstícios
disputam espaço o medo e
esperança (ó dura palavra e nobre sentimento)    

Ela disse que tudo ia ficar bem.
Mas de longe, ao vê-la me olhar
pela janela, não percebo seu
sorriso cativante e o brilho
em seus olhos.

Ela acena. (Será a redenção?)
Ela exita. (Busco sinais)

Ela continua a me olhar pela
janela.

Sinto seu medo nessa cena
distante. Dúvidas, receios,
incertezas.

É primavera em tão distante
recôndito de minha terra. Deixo
minha flor na janela, pois agora ela
deve criar raízes.

Devo regar. (Nem muito para não encharcar, nem pouco para não
sufocar).

Fui embora.
Mas ela continuou a olhar pela
janela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário