Se fosse possível classificar
nossos preconceitos cotidianos,
tal qual a boa gramática,
com análise morfológica e sintática,
surgiriam tipos bem característicos
de racistas.
O racista substantivo é aquele que dá
nome. Humilha, achincalha, despreza.
O racista adjetivo é o que atribui qualidades
(quase sempre negativas).
Um tipo especialmente perigoso de
racista é o racista verbo. Pratica as
mais vis e desumanas ações. Espanca,
agride, violenta.
Por outro lado temos o racista sujeito simples.
Ele comete suas injúrias sozinho.
As vezes se torna composto, quando se
alia à outros como ele.
Algumas vezes ele é um racista oculto.
Passa despercebido, mas a verdade é que ele está lá.
O racista predicado é o que afirma que
só está sendo o alvo de uma ação e está
respondendo a altura.
O racista advérbio é uma espécie de
pregador do preconceito. Tenta converter
e modificar os que estão a sua volta.
O meu racista gramatical preferido é o racista adversativo.
Ele jura que não é racista, até diz que tem amigos
ou um pé em algum lugar.
Ele faz questão de afirmar em alto e bom som
que não é racista, só para depois dizer:
mas,
porém,
todavia,
contudo,
entretanto,
no entanto,
não obstante,
e esbanjar triunfantemente todo o racismo a que tem direito.
E se tornar um racista superlativo.
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